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O que você usa como critério para escolher o prefeito de Dourados?

O CNOn analisou currículos e mandatos de ex-prefeitos e também as experiências dos atuais pré-candidatos à prefeitura da segunda maior cidade do Estado

Por João Rocha Filho em 10/08/2023 às 14:58:45

Quando uma empresa decide contratar um novo gestor, seja para ampliar os negócios ou para resolver problemas administrativos, a primeira coisa a ser analisada são os currículos dos candidatos a vaga.

Entre os fatores determinantes para a escolha, três são indispensáveis. São eles: habilidades técnicas, experiências acumuladas na área e liderança. E quanto maior a empresa, maior a exigência e o rigor no processo de seleção.

Ao analisar essa postura adotada pela iniciativa privada e também por entidades e cooperativas, é possível perceber quão importante e séria é a escolha de um prefeito. Pessoa que será responsável pela administração da cidade pelo período de quatro anos.

Mesmo que o chefe do executivo escolha bem as pessoas para chefiar as secretarias, se ele mesmo não tiver experiência em gestão, conhecimento em macroeconomia, noções básicas de contabilidade pública e espírito de liderança, terá sérias dificuldades para delegar os subordinados, dialogar com o corpo técnico e tomar decisões assertivas para a cidade.

Moradores mais antigos do município dizem que um dos melhores prefeitos de Dourados foi José Elias Moreira (PDS), que era formado em Agronomia, atuava como produtor rural e empresário. A administração dele foi marcada pela visão de futuro, que tinha. Estudou, planejou e executou obras preparando o município para 50 anos de crescimento. Para comandar essa empreitada, Zé Elias contratou, na época, o renomado arquiteto e urbanista Jaime Lerner, que ajudou projetar Curitiba e que tem várias obras reconhecidas internacionalmente.

Outro prefeito, que a população diz ter feito um primeiro mandato exitoso, foi Antônio Braz Genelhu de Melo (MDB), que era engenheiro civil, e nesta área trabalhou em grandes obras como o Centro de Ciências Médicas e o metrô do Rio de Janeiro. Em Dourados atuou diretamente na implantação do esgoto sanitário, pela Sanemat e na captação de águas do Rio Dourados. Foi também o engenheiro responsável pelo loteamento do Jardim Água Boa, maior bairro do município, além do Portal e dos Jardins Flórida I e II. Foi dele também o projeto de um dos primeiros prédios da cidade, o Edifício Adelina Rigotti (prédio das araras).

Laerte Tetila (PT), geógrafo e professor universitário, conseguiu fazer também uma gestão razoável como prefeito, mas contou com a sorte, fruto de alinhamento político, no Estado e no País, tendo um governador (Zeca do PT) e o presidente da república (Lula) do mesmo partido.

Dos prefeitos que vieram depois destes, o único que apresentou no currículo um pouco mais de conhecimento técnico e experiência em gestão, foi Murilo Zauith (DEM), engenheiro civil e socio-proprietário da Faculdade Unigran, mas que fez uma gestão aquém do que a população esperava.

Ari Artuzi (PDT), não tinha formação universitária, conhecimento técnico, nem habilidades em gestão e acabou preso no maior escândalo de corrupção da história da cidade. Já Délia Godoy Razuk (MDB), pedagoga e com experiência somente no legislativo municipal, sequer conseguiu aprovação para poder arriscar uma candidatura à reeleição.

Em 2020, mais recente eleição municipal. A disputa ficou polarizada entre dois nomes. De um lado o atual vice-governador, José Carlos Barbosa (PSDB), advogado, com bastante experiência em gestão. Assumiu a administração da Sanesul - Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul, em 2007 onde foi responsável pelo maior investimento em saneamento do Estado, sendo eleito em 2012, presidente da Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento (AESBE) e do outro lado, o atual prefeito Alan Aquino Guedes (PP), também advogado e professor universitário, com experiência apenas dentro da Câmara de Vereadores do Município. Os eleitores optaram pelo professor universitário, que hoje sofre com o alto índice de reprovação.

ELEIÇÔES 2024

No ano que vem haverá nova disputa eleitoral em Dourados. Até o momento seis políticos se apresentaram como pré-candidatos: O atual prefeito, advogado e professor universitário, Alan Guedes, que vem para a reeleição. O radialista Marçal Filho (PP), que tem experiência dentro do legislativo e é dono de uma rádio. A jornalista Lia Nogueira (PSDB), formada em direito, que tem experiência como vereadora e há menos de dois anos está no legislativo estadual. Geraldo Resende (PSDB), eleito para o sexto mandato de deputado federal, e que durante a pandemia fez a gestão da Secretaria de Estado de Saúde, no Mato Grosso do Sul, mas perdeu a chance de transformar a saúde de Dourados, nesse período. O produtor rural, Zé Teixeira (PSDB) que tem muita experiência como legislador e político, cumprindo atualmente o oitavo mandato de deputado estadual, e o advogado e professor universitário, Tiago Botelho (PT), que não tem experiência dentro dos legislativos municipal e estadual e está tendo agora a oportunidade de mostrar os conhecimentos como gestor, no cargo de Superintendente de Patrimônios da União, que assumiu há cerca de um mês.

Como não é possível contratar um prefeito por apenas três meses, em regime de experiência. Os riscos da população sofrer com efeitos negativos causados por uma má gestão aumentam bastante.

Braz Melo conta que quando assumiu a prefeitura de Dourados, há 26 anos, mesmo com vasta experiência em gestão e execução de obras, teve dificuldade no início. Ele garante que o conhecimento técnico que adquiriu foi fundamental para montar uma boa equipe de secretários e estabelecer prioridades para o município. "Eu vivia nas ruas da cidade acompanhando obras, ouvindo as reclamações e vendo de perto os problemas. Dessa forma conseguia realizar pequenas ações, mas que geravam grandes impactos na sociedade. Ser prefeito de gabinete, qualquer um consegue. Agora para ter bons resultados é preciso mais que grupo de Whatsapp. Tem que ouvir quem vive de perto os problemas", explicou o ex-prefeito.

Se por hipótese, o eleitor escolhesse o candidato baseado apenas em experiência, Alan Guedes, que sofre com uma gestão tímida e sem ações expressivas, por herdar uma cidade com inúmeros problemas, teria vantagem sobre os demais postulantes, uma vez que adquiriu experiência no primeiro mandato, podendo ter uma segunda gestão mais exitosa.

Outro que, mesmo sem ter sido prefeito, se destaca pela experiência é o deputado federal Geraldo Resende, que teve um bom desempenho a frente da Secretaria de Estado de Saúde do Mato Grosso do Sul, durante a pandemia da Covid-19. O momento de instabilidade exigiu dele e de sua equipe decisões ágeis e assertivas, tanto na busca por recursos e vacinas, quanto na realização de ações efetivas para salvar vidas, nas 79 cidades do MS.

Já os demais terão que convencer o eleitor, que mesmo tendo pouca ou nenhuma experiência dentro do Executivo, estão dotados de capacidade técnica e outras habilidades que os capacitam a fazer uma boa administração.


Fonte: CNon - Canal de Notícias On-Line

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