Na última segunda-feira (05), o vídeo de um jovem indígena ferido viralizou nas redes sociais, após ter recebido "alta" no Hospital da Vida. Tratava-se de Jussailton Porto, de 22 anos, vítima de espancamento na Aldeia Jaguapiru.
O jovem, que foi vítima de espancamento, teve o primeiro atendimento ainda no Hospital das Missões, dentro da aldeia. Depois foi encaminhado para o Hospital da Vida, onde foi liberado mesmo apresentando piora no quadro, sangramentos, dor e inconsciência.
Descaso
Segundo os familiares da vítima, o caso aconteceu na noite do último domingo (04). Após ser encontrado ferido na aldeia, Jussailton foi atendido no Hospital da Missão, onde foi reanimado e o médico responsável constatou lesões no corpo e o encaminhou com urgência ao Hospital da Vida. Lá, foi colocado na Área Vermelha, com encaminhamento para atendimento odontológico, devido às fraturas na boca, maxilar e rosto. Por conta da gravidade dos ferimentos, a vítima apresentava dificuldade para respirar e gritava de dor, enquanto aguardava nos corredores.
Nesta segunda-feira ele recebeu alta por volta das 14h, sem nenhum laudo ou prontuário médico. Foi entregue na casa da mãe, nu, ensanguentado, com ferimentos que ainda vazavam sangue, enrolado em um lençol, que já estava sujo porque o jovem não teve assistência para ser levado em banheiro nem utilizava fralda geriátrica.
Foi nesse momento que fizeram o vídeo com o flagrante descaso do HV no atendimento do jovem indígena. Ele foi levado novamente para o Hospital da Missão, surpreendendo as enfermeira e médicos, pois o caso era grave e necessitava de internação urgente.
Uma equipe do SAMU foi acionada para encaminhar Jussailton, pela segunda vez ao HV, onde conseguiu internação. Entretanto o hospital negou acesso dos familiares ao prontuário do primeiro atendimento. E com a falta de recursos da unidade, a família foi orientada a levar fraldas e óleo de girassol para auxiliar no tratamento.
Rafael Medeiros, advogado da família de Jussailton afirma que o descaso praticado pelo Hospital da Vida quase custou a vida do jovem, e alta prematura somada a falta da entrega do prontuário médico revelam negligência. "É um absurdo o hospital afirmar que fez todos os exames e diagnóstico antes de mandá-lo para casa. O indício da negligência é a falta do prontuário para a família, seguido de piora do quadro e a internação no segundo encaminhamento, depois que o vídeo viralizou", explica Medeiros.
O paciente está na UTI do HV e, segundos os médicos, o quadro é considerado estável, evoluindo para bem.