Considerada, em 2017, a segunda maior obra do Brasil, dentro do Plano de Expansão da Aviação Regional, atrás apenas da ampliação do aeroporto de Maringá, no Paraná. A obra do Aeroporto Regional Francisco de Matos Pereira, de Dourados, que está sendo executada pelo Exército Brasileiro e que era para ter sido inaugurada em 2019, ainda está longe de ser concluída. Já o Aeroporto Regional Silvio Name Júnior, de Maringá, que agora conta com a maior pista de pouso e aterrissagem do Paraná, teve obras de ampliação e modernização inauguradas em outubro de 2021, com investimentos totais de R$ 81,5 milhões, sendo R$ 76,6 milhões de recursos federais, oriundos do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC), e outros R$ 4,9 milhões da prefeitura do município.
Enquanto isso, na segunda maior cidade do Estado, se quer a primeira etapa foi concluída, levantando suspeitas de irregularidade e falta de competência técnica. A Coluna Malagueta, do jornalista Marcos Santos, publicada na tarde desta segunda-feira, apresenta denúncia sobre graves problemas na obra. A Coluna informa que conversou com engenheiro que esteve envolvido com o projeto até pouco tempo e ouviu dele que a pista terá que ser reconstruída do zero. "a novela que já se arrasta por mais de 20 anos e que teria seu fim quando o Exército Brasileiro assumiu às obras, na verdade servirá apenas como atestado de incompetência para a milicaiada de alta patente", revelou.
Os problemas vão desde infiltrações a orçamento estourado, segundo a coluna. O profissional disse que a região onde o aeroporto foi construído está repleta de nascentes. "a inauguração não poderá ser feita porque a pista está tomada por ondulações e infiltrações, com água brotando em alguns pontos". Informou ainda que no dia 20 de junho foram liberados quase R$ 13 milhões para ser aplicado na conclusão da primeira etapa das obras da pista de pouso do aeroporto, revitalização da pista de táxi e do pátio de aeronaves, além de sinalização horizontal e vertical, regularização de faixas de pista e áreas de segurança e drenagem.
A Malagueta conta ainda que o projeto inicial anunciado em 2017 estava orçado em R$ 40 milhões e agora já se fala em R$ 72 milhões e que durante esse tempo integrantes do Departamento de Engenharia e Construção do Exército Brasileiro, fizeram vistorias nas obras e em nenhum momento constataram as graves irregularidades na pista, mais precisamente as ondulações que impedem qualquer operação de pouso ou decolagem.
Ao Canal de Notícias On-Line, o Deputado Federal Geraldo Resende (PSDB), disse que ficou surpreso com as informações e logo marcou uma agenda no Ministério dos Portos e Aeroportos, em Brasília, para cobrar esclarecimentos. "Me reuni hoje (1), com um dos diretores da Secretaria de Aviação Civil que também se mostrou surpreso com o material veiculado na imprensa de Dourados. Essa é uma preocupação, um incomodo e precisamos conhecer a realidade, porque todos nós aguardamos com expectativa a conclusão da primeira etapa da obra do aeroporto regional para que ele volte a funcionar com voos regulares. Se caso constatada as irregularidades nas obras feitas pelo 9º Batalhão de Engenharia, do Exército Brasileiro, lógico que terão que reformular o projeto e executar para entregar uma obra de qualidade".
Geraldo ressalta que apesar de ter articulado para a liberação dos recursos está angustiado com o atraso da obra e com a falha de fiscalização que não conseguiu pontar os problemas há tempo e que pode gerar ainda mais atraso. "Pela experiência que temos aqui em Brasília, conseguimos que fosse liberado o restante do recurso para a conclusão da primeira etapa. Agora vamos adotar todas as medidas necessárias, pedindo uma inspeção extraordinária pela Secretara de Aviação Civil e que o Exército se manifeste sobre o caso. Se preciso remos acionar a Controladoria Geral da União (CGU) e fazer o pedido de uma fiscalização financeira da Comissão de Aviação e Transporte, da Câmara Federal e com apoio do Tribunal de Contas da União", concluiu o parlamentar.
No início da tarde desta terça-feira, por volta das 14h30, o site entrou em contato com o Exército Brasileiro, através do General Marcelo Yoshida da Brigada Guaicurus, que foi prestativo e pediu que o setor de comunicação social do destacamento encaminhasse todos questionamentos ao destacamento responsável pela obra, que é 9º Batalhão de Engenharia de Construção, do município de Aquidauana e que está subordinado ao 3º Grupamento de Engenharia do Comando Militar do Oeste, com sede em Campo Grande.
No final da tarde, o Canal de Notícias On-Line recebeu do Exército Brasileiro a informação que as perguntas já tinham sido respondidas, mas que seriam analisadas pelo Comando Militar do Oeste antes de serem encaminhadas ao site, o que ocorrerá só amanhã (2). Atrasando o fechamento da reportagem desse site.
Um vídeo com o timbre da ACED - Associação Comercial e Empresarial de Dourados, gravado no dia 7 de julho, voltou a circular hoje, onde aparece o Coronel Carlos Alexandre Vasconcelos, comandante do 9º Batalhão de Engenharia ao lado do presidente da entidade, Paulo Campione, informando que o batalhão já recebeu os recursos para conclusão da obra, que transferiu o Posto de Comando para Dourados e que só sairá da cidade em dezembro, data prevista para conclusão, mas ao site, o coronel disse que estava em Corumbá e que só chegaria no município nesta quinta-feira. Já descumprindo a promessa feita, por meio de vídeo, à população douradense, de que só sairia da cidade depois que a obra estivesse concluída.
O conteúdo do vídeo também não esclarece duvidas e questionamentos importantes feitos por esse canal de notícias, como por exemplo:
1. Qual o valor inicial previsto para a 1º Etapa da Obra e se será necessário mais recursos?
2. A obra tinha previsão de entrega em 2019, estamos em 2023 e ainda está longe de ser entregue. Quais os principais motivos do atraso da obra?
3. É verdade que o terreno onde foi construído o aeroporto tem várias nascentes? o que foi feito a respeito?
4. O Exército Brasileiro terceirizou o serviço para uma empreiteira da iniciativa privada? Se sim, porque? já que um dos motivos da confiança da sociedade era a execução da obra pelos militares?
5. É verdade que o Exército precisou comprar uma usina de asfalto no valor de R$ 5 milhões para usar na obra? Se sim? Qual será a destinação dessa usina após o termino?
A obra do aeroporto de Maringá, que é maior que a de Dourados e executada pela iniciativa privada. Iniciou em 2018 e foi entregue em outubro de 2021 (as duas etapas). O detalhe que chama a atenção é que os voos não precisaram ser interrompidos, para que a obra fosse executada, não causando prejuízos econômicos e financeiros para o município.
6. Porque dentro do planejamento dos trabalhos do 9º Batalhão não foi estudada uma forma de não interromper as atividades do aeroporto de Dourados, a exemplo de Maringá?
7. A primeira etapa do aeroporto de Maringá custou R$ 76 milhões e toda obra 84 milhões? qual o valor que será gasto só na primeira etapa? E qual o valor previsto para toda a obra?
O Canal de Notícias On-Line irá aguardar o retorno do 9º Batalhão com as respostas para compartilhar com os nossos leitores e tentar ouvir outros especialistas para entender as causas que geraram tanto atraso nessa obra, que é importante e estratégica para a economia de Dourados.
Fonte: CNon - Canal de Notícias On-Line