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Decisão irresponsável causa morte de trabalhador

Funcionário sofreu queda de seis metros de altura depois de receber ordem da chefia para subir no telhado durante chuva forte sem equipamentos de segurança

Por João Rocha Filho em 18/06/2022 às 15:35:19

Uma decisão irresponsĂĄvel da gerĂȘncia e do supervisor, do FrigorĂ­fico BXB Foods, localizado em Nioaque, interior do Mato Grosso do Sul causou a morte do pedreiro João Evangelista da Silva, de 61 anos. Ele estava de serviço nessa empresa, mas era registrado em outra, também do grupo, a Pantanal Produtos AlimentĂ­cios Ltda. O acidente de trabalho aconteceu no dia 03 em março desse ano.

No momento do acidente chovia forte e a vĂ­tima foi obrigada a subir no telhado do barracão para desentupir as calhas sem os devidos equipamentos de segurança de onde e caiu de uma altura de cerca de seis metros e sofreu traumatismo craniano.

Momentos antes do acidente o supervisor do frigorĂ­fico havia ordenado que outros pedreiros subirem no telhado, mas estes se recusaram porque a empresa não tinha os equipamentos de proteção adequados para o serviço, como linha de vida e cinto de segurança, usados para evitar quedas de lugares altos.

Como houve resistĂȘncia dos demais trabalhadores, o gerente do frigorĂ­fico e o supervisor de serviços foram insistentes na decisão irresponsĂĄvel e procuraram João Evangelista, que era o mais experiente do setor e ordenaram que ele fizesse o serviço. Todas as ações foram acompanhadas pela Técnica em Segurança do Trabalho da empresa.

Mesmo diante dos riscos, para não desobedecer às ordens expressas dos superiores, a vĂ­tima foi fazer o serviço acompanhado de outro trabalhador que também foi obrigado a subir no telhado do barracão. Mas ao chegar na cobertura João Evangelista perdeu o equilĂ­brio, sofreu a queda e teve lesões graves que tiraram a vida dele.

O acidente aconteceu porque a empresa não forneceu ao trabalhador linha de vida e cinto de segurança, equipamentos de proteção usados para realização desse tipo de serviço, principalmente em condições adversas, jĂĄ que chovia forte e o telhado estava escorregadio.

Depois da queda João Evangelista vomitou sangue e um lĂ­quido amarelado. A vĂ­tima foi socorrida e encaminhada por outros trabalhadores até o pronto socorro de Nioaque, mas devido a gravidade dos ferimentos foi pedido transferĂȘncia para a Santa Casa de Campo Grande para realização de intervenção cirĂșrgica por causa de traumatismo craniano com perda de massa encefĂĄlica, causado pela queda.

Durante o perĂ­odo de internação a empresa não prestou nenhuma assistĂȘncia a famĂ­lia da vĂ­tima. Os familiares tiveram que arcar com despesas como hospedagens e alimentação para visitarem João Evangelista, na capital e até frauda geriĂĄtrica precisaram comprar porque o hospital pĂșblico não tinha. A empresa forneceu algumas vezes combustĂ­vel para o deslocamento, após muitos pedidos.

O trabalhador ficou internado 68 dias, onde precisou ser entubado e sofreu duas paradas cardĂ­acas antes de ir a óbito em 10 de maio desse ano.

A morte de João Evangelista foi sentida não só pelos familiares, mas por toda a comunidade de Nioaque onde era bem quisto, na sociedade e frequentava assiduamente a igreja com a esposa e os filhos.


Foto: Divulgação

Foi só depois da morte do trabalhador que o frigorĂ­fico passou a adotar uso de corda de vida e cinto de segurança, nos serviços de manutenção do telhado.

Fonte: CNon - Canal de NotĂ­cias On-Line

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Marlene Rosa

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