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Família aguarda justiça pela morte de trabalhador em empresa do filho do governador de MT

Eventos incomuns atrapalharam o andamento do processo. Perito não pode fazer análises no caminhão velho, sobe alegação de que o veículo foi furtado do pátio da empresa

Por Redação em 04/03/2024 às 13:04:40

Foto: Reprodução / Redes Sociais

O trabalhador W.R.S. morreu com 50 anos de idade, vítima de um trágico acidente de trabalho no dia 15 de agosto de 2022. Ele foi esmagado contra a parede de uma sala pela força de um caminhão-pipa descontrolado que causou a morte imediata dele.

O processo está em tramitação na 3ª Vara do Trabalho de Várzea Grande (0000766-87.2022.5.23.0108) e no dia 27 de fevereiro desse ano foi realizada audiência de instrução, porém novamente as empresas do grupo econômico sequer ofereceram uma proposta de acordo para compensar a morte do trabalhador.

Além da empresa Bimetal em que estava registrado o trabalhador falecido, as empresas Minerbras Mineração LTDA e Polimix Concreto LTDA também são partes no processo de indenização. Notavelmente, esta última tem como sócio proprietário, Luiz Antônio Taveira Mendes, de 26 anos, filho do Governador do Mato Grosso, Mauro Mendes.

O jovem foi alvo no final do ano passado, da Operação Hermes 2, da Polícia Federal e Ibama, que investiga o contrabando de mercúrio para garimpos clandestinos na Amazonia. Atualmente ele está com o passaporte confiscado e impedido de sair do País.

O jovem tem participação em 23 empresas, seja como sócio, administrador, diretor ou presidente e ao menos quinze delas foram abertas nos últimos cinco anos. A maioria localizada em Cuiabá. O caso teve repercussão nacional.

De acordo com as alegações no processo, todas as empresas citadas são responsáveis pela indenização da morte do trabalhador, dado o envolvimento direto e por fazerem parte do mesmo grupo empresarial.

Chama atenção uma série de eventos incomuns que atrapalharam o andamento processual. Antes mesmo da audiência de instrução, ocorreu um adiamento súbito, e as empresas pediram para realizar uma perícia no caminhão do acidente, porém quando o perito chegou na sede da mesma, foi informado que não poderia ser realizado o ato porque o caminhão velho teria sido "furtado" daquele local.

Durante a mesma audiência de instrução a própria testemunha da empresa admitiu que W.R.S., estava no local do acidente sob ordem do seu supervisor, em benefício da empresa para entregar um telefone para consertar o maquinário e faleceu sem nenhuma chance de defesa, colocando por terra a defesa que as empresas vinham fazendo no processo de que o trabalhador não estaria a serviço no momento do acidente.

A viúva Dona Maria Odete ao lado do Advogado Rafael Medeiros mostra foto do marido que morreu vítima de acidente de trabalho

Apesar de não ter filhos, Waldeson deixou uma parceira, Dona Maria Odete Ribeiro de Almeida, que desde então luta na justiça para receber a indenização pela perda de seu companheiro. Ela enfrenta numerosas dificuldades, sofrendo de graves problemas na coluna e nos joelhos, além de fibromialgia e depressão. Maria Odete tem contado com o apoio de familiares e realização de pequenos trabalhos temporários para sobreviver, já que era o esposo quem sustentava a casa.

Não obtivemos êxito no contato com as empresas reclamadas até o fechamento desta reportagem, mas o CNOn deixa o espaço aberto para manifestações das outras partes envolvidas no processo.

Fonte: CNOn - Canal de Notícias On-Line

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Marlene Rosa

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