Depois de 28 anos trabalhando na Seara Alimentos em Dourados/MS como mecânico de manutenção, em 08/01/2023, enquanto consertava o telhado do galpão de propriedade da empresa, e que a mesma faz uso em comum com a associação dos seus empregados, o trabalhador R.L.R. caiu de aproximadamente 8 metros de altura, sofrendo politraumatismo, sendo levado ao hospital onde faleceu devido ao acidente em 15/01/2023.
A família ficou estarrecida porque tão logo após a morte do trabalhador, antes mesmo do corpo dele ser liberado para o funeral, a empresa soltou uma nota à imprensa tentando se esquivar de qualquer responsabilidade, expondo publicamente a imagem do colaborador morto e de que não teria sofrido acidente de trabalho, porque o acidente teria ocorrido "fora das instalações da empresa".
*Foto: nota oficial divulgada pela empresa Seara após a morte do trabalhador R.L.R. tentando se eximir de qualquer responsabilidade pelo acidente que levou à sua morte
Segundo a defesa dos familiares autores da ação, "essa afirmação pública (...) divulgada para imprensa (...) não passa de uma deslavada e absurda mentira, uma narrativa plantada (...) logo à seguir da morte (...), para dissuadir em error as autoridades investigativas (...), e enganar a sociedade de que não teria responsabilidade por uma morte ocorrida no barracão de sua propriedade...".
Esse cenário fez com que diversas diligências fossem realizadas pela defesa técnica dos familiares do trabalhador morto no prédio da Seara, e a ação que deram entrada na justiça possui diversos pedidos, como reconhecimento do acidente de trabalho, responsabilidade da Seara junto com a associação de seus empregados, indenização por danos morais tanto pela morte do trabalhador quanto pela exposição da sua imagem na imprensa, indenização pelo tempo que o trabalhador agonizou no hospital até sua morte (dano-morte), pensão vitalícia, entre outros, que somados atingem o total de R$ 9.259.769,18.
Durante todo o ano foram feitas várias investigações e para os familiares a responsabilidade da Seara está mais do que comprovada pelas inúmeras provas que trouxeram ao processo, como por exemplo a propriedade do imóvel em que o trabalhador sofreu o acidente, registrado em nome da Seara Dourados, além de provas do uso em comum do imóvel juntamente com a associação dos seus empregados, que também é controlada pela empresa.
*Foto: matrícula do imóvel onde está instalado o prédio em que ocorreu a morte do trabalhador, comprovando ser de propriedade da empresa Seara Dourados
A petição inicial apresentada pela família do trabalhador morto no prédio da Seara marca o início de uma jornada em busca de justiça, onde a dor, a determinação e a esperança se entrelaçam na busca por uma reparação que vá além do aspecto material, reconhecendo a dignidade e o sofrimento humano envolvidos.
Não obtivemos êxito no contato com as empresas reclamadas até o fechamento desta reportagem, mas o espaço está aberto.