Trabalho que impulsiona - B

Ao menos 73% dos custos com demência estão com famílias, revela estudo

Especialista diz que Brasil tem 1,85 milhão de pessoas com a doença e que esse número deve triplicar até 2050".

Por CNON em 26/12/2023 às 20:08:24

Foto: Cleuza Ferri


Para elaboração do estudo, os pesquisadores entrevistaram 140 pessoas com demĂȘncia e cuidadores de todas as regiões do paĂ­s, com média de idade de 81,3 anos sendo 69,3% mulheres. Os dados foram coletados com pessoas em diferentes fases da demĂȘncia.

O relatório mostra, por exemplo, que entre os 140 cuidadores, pelo menos 45% das pessoas apresentavam sintomas psiquiĂĄtricos de ansiedade e depressão, 71,4% apresentavam sinais de sobrecarga relativa ao cuidado, 83,6% exerciam o cuidado de maneira informal e sem remuneração.

O estudo chama a atenção para que, dentro dessa amostra, 51,4% dos pacientes utilizaram, em algum momento, o serviço privado de saĂșde, 42% não utilizavam nenhum tipo de medicamento para demĂȘncia. "Somente 15% retiravam a medicação gratuitamente no SUS", disse a epidemiologista Cleusa Ferri.

O estudo aponta que a maioria das pessoas cuidadoras de familiares com algum tipo de demĂȘncia são mulheres.

"Nessa amostra, temos 86% das cuidadoras sendo mulheres. Isso é um fato. HĂĄ uma cultura da mulher cuidar para o resto da vida. Entendo que é uma questão cultural".

Subdiagnósticos

De acordo com a pesquisadora, o Brasil contabiliza cerca de 2 milhões de pessoas com demĂȘncia e 80% delas não estão diagnosticadas. "A taxa de subdiagnóstico é grande. Temos muitas pessoas sem diagnóstico e, portanto, sem cuidado especĂ­fico para as necessidades que envolvem a doença. Então, esse é um desafio muito importante", afirma a especialista. Ela cita que esse cenĂĄrio não é exclusivo do Brasil.

Na Europa, o subdiagnóstico chega a ser de mais de 50% e na América do Norte, mais de 60%.

"No Brasil, temos 1,85 milhão de pessoas com a doença. E a projeção é que esse nĂșmero triplique até 2050".

A pesquisadora acrescenta que a invisibilidade da doença é outro desafio. "Temos muito para aumentar o conhecimento, deixar mais visĂ­vel. A falta de conhecimento da população sobre essa condição precisa ser enfrentada". Nesse contexto, a invisibilidade também ocorre diante das desigualdades sociais.

Em um cenĂĄrio de 80% de pessoas sem diagnóstico, isso significa a necessidade de melhorar as polĂ­ticas pĂșblicas para aumentar o conhecimento da população sobre a demĂȘncia. "HĂĄ uma questão de estigma também. As pessoas evitam falar do tema e procurar ajuda".

Essa situação, na avaliação da pesquisadora, também contribui para dificuldades para conscientização, treinamento de cuidadores e busca por apoio.

Fonte: AgĂȘncia Brasil

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Marlene Rosa

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